Do Monte das Oliveiras ao Altar do Carmelo

Segundo Domingo da Paixão (Domingo de Ramos)
Data: 13 de abril de 2025

📖Proclamação do Evangelho (Missal de 1962)

Primeiro Evangelho: São Mateus 21, 1-9 (para a procissão de Ramos): Naquele tempo, Chegando Jesus com os seus discípulos às vizinhanças de Jerusalém, junto do monte das Oliveiras, à aldeia chamada Betfagé, mandou dois discípulos dizendo-lhes: – “Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa e um jumentinho com ela; desprendei-os e trazei-mos. E se alguém vos disser alguma coisa, respondei: ‘O Senhor precisa deles’, e imediatamente os deixará levar.” Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta, que diz: “Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei vem a ti, manso, montado sobre uma jumenta e um jumentinho, filho de animal de carga.” Foram então os discípulos e fizeram como Jesus lhes ordenara. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram seus mantos, e Jesus montou. E a multidão, que era muitíssima, estendia as suas vestes pelo caminho; outros cortavam ramos das árvores e espalhavam-nos pela estrada. E as turbas que iam adiante d’Ele e as que O seguiam clamavam dizendo: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”

🔥Meditação Carmelita

Neste Domingo de Ramos, o altar do Carmelo se reveste de silêncio e de sangue. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém é o prelúdio da entrega total. O povo canta “Hosana”, mas o Céu já escuta o “Crucifica-O!” que se aproxima. O Carmelo, por vocação, é um lugar de subida — subida ao Monte Carmelo, que é figura da alma em busca de Deus, mas também subida ao Calvário, onde essa alma se consome por amor. Santa Teresa d’Ávila nos revela o caminho do verdadeiro seguimento de Cristo: “O verdadeiro amante de Jesus crucificado não busca consolações, mas a cruz.” Na Paixão, não encontramos apenas dor, mas a escola do amor mais puro. O Carmelo contempla o Crucificado e ali aprende a verdade da vida interior: “Tudo o que não é Deus, é nada.” São João da Cruz, doutor místico do Carmelo, conduz-nos à raiz da entrega oblativa: “Para vires a ser tudo, não queiras ser coisa alguma.”

Essa esvaziação interior não é negação, mas disponibilidade radical: deixar-se consumir como vela acesa no altar de Deus. Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), mártir carmelita, leva essa mística à sua expressão suprema: “Aceito já agora a morte que Deus me preparou, em total submissão à sua santa vontade. Que o Senhor seja glorificado em minha vida e em minha morte.” Ela é como o incenso que sobe no sacrifício, silenciosa, oculta, mas profundamente unida ao Esposo Crucificado. E como esquecer Elias, o profeta do Carmelo, que enfrentou sozinho os falsos deuses e foi alimentado por Deus no deserto? O fogo do Carmelo é o fogo do altar, o zelo ardente pelo Deus vivo: “Ardo de zelo pelo Senhor Deus dos Exércitos!” (1Rs 19,10) Maria, Rainha e Decoro do Carmelo, está em silêncio ao lado da Cruz. Seu coração é um altar imaculado onde o Cordeiro é imolado espiritualmente. A Paixão de Cristo é também a paixão do Coração de Maria. Assim, no Carmelo, cada altar é um pequeno Calvário. Cada alma é chamada a ser uma hóstia viva, segundo as palavras de São Paulo (Rm 12,1). A oração silenciosa, a penitência escondida, a caridade oculta — tudo é matéria de oferenda. Altare Carmelus é este chamado: subir com Cristo, com Maria e Elias, ao lugar onde o amor se faz oblação. “É na cruz que Jesus é mais Rei. É no altar que Ele reina, e é ali que o carmelita vive e morre.” (Síntese espiritual carmelita)

Ir. Alan Lucas de Lima, OTC
Carmelita Secular da Antiga Observância

📚 Referências Bibliográficas da Meditação Carmelita

1.    Santa Teresa d’Ávila

  • Caminho de Perfeição
  • Livro da Vida.

2.    São João da Cruz

  • Subida do Monte Carmelo.
  • Ditos de Luz e Amor;
  • Noite Escura.

3.    Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)

  • A Ciência da Cruz;
  • Escritos espirituais e cartas (especialmente as últimas antes da deportação).

4.    Sagrada Escritura

  • 1 Reis 19,10 (zelo de Elias);
  • Romanos 12,1 (hóstia viva).

5.    Tradição Carmelitana

  • Elementos de espiritualidade carmelita clássica;
  • Documentos do Carmelo da Antiga Observância e da Ordem Terceira do Carmo.