A Promessa do Paráclito: Presença que consola e guia
Domingo de Pentecostes
8 de junho de 2025
📜 Introdução
Neste Domingo de Pentecostes, a Igreja contempla a promessa
do Paráclito como dom supremo do Ressuscitado aos seus discípulos. Jesus, no
limiar de sua partida, não deixa os seus órfãos: promete enviar o Espírito
Santo, o Consolador, que ensinará todas as coisas e recordará as palavras do
Verbo. No Carmelo, esta promessa se torna realidade silenciosa: o Espírito,
hóspede interior, conduz a alma pelos caminhos da verdade, consola nas noites
da fé e ilumina o sentido da Palavra. Ele não grita, mas sussurra; não invade,
mas atrai. Sua presença é chama que aquece, luz que orienta, brisa que
sustenta. No recolhimento orante, o Paráclito revela o Cristo oculto e forma o
discípulo obediente, inflamando a alma no amor trinitário.
📖
Evangelho segundo São João 14, 23-31 (Tradução de 1957, edição
litúrgica tradicional em português)
🪔 Meditação Carmelita
O Carmelo vive da promessa do Espírito Santo. Ele não é um
hóspede passageiro, mas o arquiteto da morada interior onde a alma encontra
Deus. Jesus não promete apenas uma ajuda exterior: promete uma presença que
forma, consola e conduz desde dentro. O Paráclito é, por excelência, o mestre
dos contemplativos.
Santa Teresa de Jesus dizia: “É o Espírito Santo quem nos
dá a luz para conhecermos a verdade. Sem Ele, tudo é escuridão.” (Caminho
de Perfeição, c. 38). Ele é quem recorda a Palavra de Jesus não como memória
morta, mas como fonte viva que ressoa na alma em cada etapa da oração e do
combate espiritual.
São João da Cruz, falando do Espírito, afirma que Ele “move
e incendeia o coração com suave toque de amor” (Chama Viva de Amor, estrofe
3). Essa é a sua pedagogia: não ensinar apenas com conceitos, mas com amor
inflamado que purifica, transforma e guia. O Espírito é o “Mestre do
recolhimento”, que conduz a alma pela via da fé escura, até a união com Deus.
No Carmelo, aprender com o Espírito é permitir que Ele nos
forme segundo a imagem do Filho. Como o Paráclito guiou Maria, silenciosa e
fiel sob a cruz, assim também conduz o carmelita a abraçar o mistério de Cristo
com coração dilatado. Ele é o consolo dos que caminham no deserto, a luz dos
que perseveram na noite, a força dos que se deixam moldar pela Palavra.
Neste Pentecostes, renovemos nossa escuta e docilidade ao
Espírito. Mais do que sinais exteriores, peçamos a graça de ser conduzidos por
Ele na intimidade do coração. Pois como dizia Santa Teresa Margarida Redi: “O
Espírito Santo quer possuir toda a alma, mas espera que ela se lhe entregue por
inteiro.”
📚 Referências Bibliográficas
- Catecismo
Romano (Trento), Parte I, cap. 9: Sobre o Espírito Santo.
- Missal
Romano Tradicional – edição litúrgica de 1957.
- Santa
Teresa de Jesus, Caminho de Perfeição, cap. 38.
- Santa
Teresa Margarida Redi, Cartas espirituais.
- São João da Cruz, Chama Viva de Amor, estrofe III.